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Em memória de Mário Mesquita

Atualizado: 16 de mai. de 2023


Foto: Ana Pinto

Ana Mesquita discursa na cerimónia de homenagem ao seu pai, Mário Mesquita. É acompanhada no palco por ex-alunos e amigos do jornalista.


Textos: Duarte Ferreira, Inês Pascoalinho, Júlia Cardoso, Maria Ana Carmo e Maria Inês Silva


Partiu inesperadamente a 27 de maio de 2022, depois de uma vida dedicada ao jornalismo e ao ensino, em Portugal. É autor de algumas das obras mais importantes sobre o tema. Mário Mesquita foi homenageado por antigos colegas e amigos, numa cerimónia emotiva que lembrou a sua marcante presença como professor da ESCS


"Profundo e exigente". Foi desta forma que Maria José Mata começou por definir o jornalista e professor. Antiga aluna de Mário Mesquita e docente da ESCS, contou um episódio ocorrido quando frequentou as suas aulas de Géneros Jornalísticos, no 4ºano da licenciatura em Comunicação Social, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, em 1990 e 1991. "Pediu-me para reformular um trabalho e assim fiz. Ao professor, com o passar dos anos, juntou-se o amigo", reiterou.

Na continuidade da homenagem, foi exibido um vídeo que retratou todo o legado de Mário Mesquita, desde os seus tempos de jovem em Ponta Delgada, nos Açores, onde nasceu, passando pelo início da carreira política até concretizar o sonho de ser jornalista. O vídeo foi realizado com a ajuda da RTP, de ex-alunos e colegas do autor de várias obras sobre os media e o jornalismo, que o recordam com apreço e saudade.


A filha, Ana Mesquita, e a neta, Cecília, de apenas um ano e meio, foram chamadas a juntar-se no palco, como ex-alunos, colegas e amigos que contribuíram para a edição de um livro pessoal, relatando memórias que viveram com o homenageado. "Mário Mesquita era exigente nos valores e tolerante nas amizades. A ironia fina com que anotava a crítica e desmontava o facto era uma lição permanente de sabedoria e liberdade", recordou ainda Maria José Mata. E, lembrando o gosto de Mário Mesquita por cadernos e blocos de folhas amarelas, a professora justificou a ideia, em jeito de homenagem, de oferecer à família um caderno preenchido com memórias do professor.

O caderno, entregue por Constança Castanheira, mestre da ESCS, ex-aluna e sua amiga -- representação de todos aqueles que guardam em si o que Mário Mesquita lhes deixou -- retrata vários momentos da vida do homenageado. Enquanto alguns apontamentos escritos no caderno de lembranças passavam no ecrã do Auditório Vítor Macieira, como tributo ao antigo professor da ESCS, Ana Mesquita, com a filha Cecília ao colo, agradeceu numa intervenção emotiva que comoveu muitos dos participantes e descreveu o tributo como um momento "muito simbólico".

A filha de Mário Mesquita agradeceu especialmente àquela que era para a família, a "menina" Maria José Mata e Constança Castanheira, que Ana Mesquita afirma ter conhecido num momento infeliz: o dia do funeral do pai. Ambas, disse, "simbolizam uma longa geração de vários alunos que se tornaram amigos, colegas e que muito têm ajudado a ultrapassar este luto inesperado".

Fez uma breve descrição daquele que foi para o pai, um momento particularmente emotivo: o seu último dia de aulas na ESCS, que também coincidiu com o seu 70º aniversário. Foi uma "separação difícil", tendo em conta que se reformou forçosamente e também por sentir que ficaria por ali toda a relação com os alunos. "Naquele dia, estava uma pessoa ausente e pesada", lembrou Ana Mesquita. "Foi nesse dia que percebemos a importância da passagem dele por esta casa", revelou.


Para finalizar o seu tributo, Ana Mesquita declarou de forma empática: "O meu pai passou a tocha a mim, que estou a passá-la agora à minha filha Cecília, e passou também a tocha a cada um de vocês". No Auditório Vítor Macieira, chegava ao fim a homenagem "singela e sentida", como a definiu a professora Maria José Mata, naquela que foi a casa do exímio jornalista, professor e político Mário Mesquita.

 

Quarteto de cordas a fechar o dia

Foto: Ana Pinto

Quarteto de Cordas da Orquestra Académica da Universidade de Lisboa


O primeiro dia do VI Congresso "Literacia, Media e Cidadania" encerrou com um recital de três músicas - Choros N.º 1, de Villa Lobos, Air, de Bach, e Lisboa Menina e Moça, de Paulo de Carvalho, tocado pelo Quarteto de Cordas da Orquestra Académica da Universidade de Lisboa, com a participação dos alunos Dilara Yildiz, Margarida Delgado, Ana Saraiva e Mateo Cardenas.

 

Foto: Nuno Ferreira Santos, PÚBLICO

Mário Mesquita

Nota biográfica: De ponta Delgada ao jornalismo

Nascido a 3 de janeiro de 1950, em Ponta Delgada, Mário António da Mota Mesquita foi, pelas suas palavras, político, jornalista e professor. Iniciou muito jovem a atividade política como ativista na oposição à ditadura, apoiando a CDE de Ponta Delgada. Aos 18 anos, seguiu a sua vocação no ramo do jornalismo, tendo trabalhado no jornal República.

Em 1973, foi militante fundador do PS, partido pelo qual seria eleito deputado na primeira legislatura. Mais tarde, renunciou ao mandato, afastando-se da política activa. Após o 25 de Abril e com apenas 28 anos, assumiu o cargo de diretor do Diário de Notícias. Após a conclusão da licenciatura em Jornalismo, na Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, seria diretor no Diário de Lisboa.

Enquanto professor universitário exerceu funções na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), da Universidade Nova de Lisboa, e na Escola Superior de Comunicação Social (ESCS). Pioneiro no estudo do jornalismo em Portugal, ajudou também a fundar a licenciatura em Jornalismo, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Em 1981, foi agraciado com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente da República, general Ramalho Eanes. No Conselho Executivo da Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (2007 – 2013), tinha a seu cargo o programa Açores e as áreas de Humanidades e Artes. Desenvolveu trabalho como colunista para inúmeros órgãos de comunicação social, entre os quais o Público, o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias. Nos últimos anos, foi vice-presidente do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Ao longo da sua vida, recebeu vários prémios, condecorações e homenagens. A 31 de maio de 2022, após a sua morte, foi agraciado a título póstumo com o grau de Grande-oficial da Ordem da Liberdade.


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