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ONU irá apresentar código de conduta para integridade da informação nas plataformas digitais em 2024

Atualizado: 11 de mai. de 2023


Sherri Aldis, diretora do Centro Regional de Informação das Nações Unidas


Sherri Aldis viajou de Bruxelas até Lisboa para participar no VI Congresso Literacia, Media e Cidadania. Numa das primeiras sessões da manhã, a diretora do Centro Regional de Informação das Nações Unidas na Europa Ocidental apresentou o plano da ONU para combater a desinformação e advertiu para os perigos da falta de integridade jornalística. Como sublinhou, “a desinformação impede o progresso coletivo, a paz e a segurança, bem como os objetivos de desenvolvimento sustentável”


Texto e Foto: Sofia Simão


A diretora do Centro Regional de Informação das Nações Unidas (UNRIC), na Europa Ocidental, salientou, em "Countering Disinformation: How is the UN working to promote information integrity”, uma das primeiras intervenções do VI Congresso Literacia, Media e Cidadania, que decorreu entre 21 e 22 de abril, na Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa, a importância da literacia mediática para o combate à desinformação e apresentou as propostas da ONU para solucionar esta questão.


O problema da desinformação tem ocupado um lugar cada vez mais importante na esfera pública e, segundo António Guterres, secretário-geral da ONU, é “um risco existencial para a humanidade”. A apresentação de Sherri Aldis começou por reforçar este perigo: “A desinformação impede o progresso coletivo, a paz e a segurança, bem como os objetivos de desenvolvimento sustentável.” A especialista identificou vários culpados para o paradigma atual, desde os modelos de negócio das redes sociais e os seus algoritmos, que promovem a circulação de conteúdo falso e inflamatório, às indústrias que disseminam narrativas distorcidas sobre o seu papel nos problemas que afetam comunidades global e regionalmente, bem como as políticas públicas que falham em responder adequadamente a esta ameaça.


A diretora do Centro Regional de Informação das Nações Unidas explicou ainda que “a desinformação não é um problema individual ou localizado, mas faz parte de uma indústria milionária. Assim, é crucial o contacto direto com os agentes que a promovem de forma a impedir a proliferação de fake news, negacionismo científico e médico, desinformação de género, racismo, antisemismo e intolerância, assim como travar a decadência da qualidade do jornalismo”, que - considera - “tem progressivamente preterindo a integridade informativa pelo lucro”.


A literacia mediática, que passa por comportamentos de segurança e responsabilidade no consumo e na partilha de conteúdo, é, para Sherri Aldis, “umas das principais soluções para o ecossistema informativo poluído que se tem vindo a desenvolver em anos recentes”. Neste sentido, Aldis refere a importância de programas como o PAUSE, liderado pela ONU, que estimulava uma abordagem crítica e ponderada por parte dos utilizadores às informações divulgadas sobre e durante o auge da COVID-19. Através do apelo à pesquisa aprofundada das fontes destas informações, à procura consciente por órgãos mediáticos fidedignos e, principalmente, a uma atitude reflexiva e resiliente, este programa procurou diminuir o medo causado pelo cenário pandémico.


Outras das sugestões apresentadas para o problema da desinformação incluem a proteção de órgãos mediáticos independentes, a promoção da confiança nas instituições públicas, o investimento na educação, a maximização do acesso à informação, o incentivo à transparência das plataformas digitais e de publicitários, e a responsabilização de quem dissemina discurso de ódio. Acima de tudo, segundo Sherri Aldis, a resposta tem de estar firmemente enraizada nos direitos humanos e ter em conta a natureza humana: “Nós podemos questionar normas sociais. Podemos usar a ironia, a paródia, a sátira e o humor. Também temos direito a cometer erros, a estar errados, a fazer interpretações incorretas e isto não pode ser indevidamente restringido sob o pretexto de combater a desinformação.”


Sherri Aldis defendeu o papel da ONU de providenciar as ferramentas necessárias para apoiar os governos e as plataformas digitais nesta missão, mas reconhece os obstáculos que minam os esforços da organização. “Temos de competir com mentiras, ódio e informação distorcida para divulgarmos as nossas mensagens. Tentamos fazer com que o nosso conteúdo seja tão apelativo como o dos agentes de desinformação, mas é um grande desafio.” Aponta ainda o impacto direto que isto tem nos projetos de promoção da paz e do desenvolvimento levados a cabo pelas Nações Unidas, referindo o medo e a violência sofridos pelos trabalhadores em campo.


A diretora do UNRIC assegurou que o trabalho da ONU continua: no próximo mês será divulgado um guia para as políticas públicas de combate à desinformação e, na Summit of the Future, que decorrerá em Nova Iorque, em 2024, será apresentado o código de conduta para integridade da informação nas plataformas digitais, descrito como “um mapa para tornar o espaço digitais mais humano e que responsabiliza estas plataformas pelos discursos que promovem. Defende a liberdade de expressão e o direito à informação”.


A fechar a sessão “Countering Disinformation: How is the UN working to promote information integrity”, Sherri Aldis resumiu que só com o envolvimento de todos será possível obter uma literacia mediática plena: “É um problema muito complexo e em rápido movimento. Precisamos que todos os atores contribuam para progredir. Precisamos de governos, da sociedade civil e do público geral. Também necessitamos de instituições internacionais. A ONU tem um papel importante em estabelecer linhas-guia a que os legisladores possam recorrer. E todos temos uma missão a desempenhar na literacia mediática.”


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