Investigadores apresentam estudos no domínio da Literacia Mediática no I Bloco de Comunicações Livres
Especialistas de diversas nacionalidades partilharam os resultados dos mais recentes estudos sobre literacia, no I Bloco de Comunicações Livres
Texto: Guilherme Guedes e Margarida Aragão
Fotos: Margarida Aragão
As sessões paralelas, que decorreram entre as 14h30 e as 16h00, no primeiro dia do evento, foram a oportunidade para ouvir dezenas de investigadores com diferentes experiências de estudo e resultados obtidos. Com a call “Novos projetos e recursos de literacia mediática I”, Ana Cátia Ferreira apresentou a pesquisa, realizada em 2022, com o objetivo de analisar o papel do jornalista na formação das crianças: um projeto-piloto de literacia para crianças. A investigação decorreu numa escola privada, no Porto, com crianças do do 1° e 2° ciclos.
O trabalho recorreu a uma metodologia tripartida, de modo a comparar os resultados das escolas privadas e das escolas públicas - ainda por realizar -, com o objetivo de compreender o papel do jornalismo e que ferramentas praticam nas escolas, bem como testar a intervenção rápida dos jornalistas nos projetos de literacia para as notícias destinadas aos mais novos.
Através de jogos e atividades, como a demonstração de objetos jornalísticos utilizados por Ana Cátia Ferreira, foi possível depreender a falta de conectividade com o jornalismo e a perceção da atividade como sendo algo de adultos.
Desinformação e literacia mediática
Os investigadores Luísa Torre e Pedro Jerónimo, do Labcom, da UBI (Universidade da Beira Interior) apresentaram um estudo sobre a temática da desinformação. O projeto baseou-se na realização de um inquérito a vários jornalistas e na recolha e análise das diferentes opiniões.
A oradora referiu, primeiramente, os dois aspetos do tópico: a circulação de conteúdos no espaço público e o uso de fake news para a describilização de jornalistas.
Grande parte dos inquiridos considera que, com o objetivo de combater a desinformação, os jornalistas deverão ser meticulosos no respeito pelo Código Deontológico e ser mais rigorosos no exercício profissional, assim como defendem ser fundamental reforçar o fact checking. Da mesma forma, é criticada a atuação da legislação, visto que, segundo os inquiridos, os jornalistas que violam as regras da profissão não são alvo de sanções.
Por fim, a amostra da investigação propôs a implementação de medidas para reverter esta problemática, indicando a educação escolar para travar a desinformação.
Literacia científica e literacia mediática
A apresentação do estudante de Erasmus do Brasil, Agnaldo Arroio, teve como objetivo salientar a importância da literacia científica e da literacia mediática crítica como resposta a desafios da modernidade. O jornalista expôs a sua inexistência na formação dos professores para poderem ensinar o que é o literacia mediática. O projeto apresentado delimitou que a aproximação do profissional de ensino com esta componente é necessária para combater a desinformação e os constrangimentos semelhantes aos do tempo da Covid-19.
Nos últimos tempos, a desinformação tem circulado com mais frequência pelas redes sociais e, segundo o estudo, os jovens são o fator mais relevante para seu crescimento nos meios informativos. Agnaldo Arroio alertou que “é necessário que os professores eduquem os jovens deste cedo a ler e depois refletir com o intuito de aumentar o pensamento crítico dos mais novos”.
O Congresso Literacia, Media e Cidadania é uma das iniciativas que o Grupo Informal sobre Literacia Mediática (GILM) promove há mais de dez anos. Fundado em 2009, o GILM integra representantes de diversas instituições públicas com interesse neste objeto de estudo e que pretendem dar o seu contributo na educação para os media.
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